O Terreno Mais Fértil que Existe

Um dos assuntos mais em pauta ultimamente nos meios de comunicação é o de nossa saúde mental. Discute-se sua definição, suas variações, suas vulnerabilidades, as coisas que a afetam ou não, mas principalmente, o que se recomenda fazer para preservá-la, conquistá-la, ou, em certos casos, recuperá-la. O assunto é tão sério que já chegou a afetar diferentes tipos de celebridades, como artistas e até mesmo atletas olímpicos. Especialistas das mais variadas áreas prescrevem receitas e sugestões, mas a percepção geral é de que não existe uma solução que sirva para todos, pois cada caso carrega suas particularidades, que devem sempre ser tomadas em consideração.

O fato é que nossas mentes nunca estiveram tão expostas a influências pouco saudáveis como hoje em dia. Se somarmos as imagens e informações que nos chegam através de nossas TVs, computadores, tablets, telefones celulares, e até relógios de pulso, chegaremos a triste conclusão de que nossas mentes estão sendo bombardeadas minuto a minuto com impulsos visuais e auditivos de toda espécie, e se não colocarmos algum tipo de filtro nesse tsunami informacional, diminuiremos significativamente as chances de nos mantermos mentalmente sadios.

Seja para o nosso benefício ou prejuízo, nossas mentes captam tudo que se passa ao redor. Tudo que é percebido por nossos sentidos é processado e ganha significado em nossos cérebros. Devemos incluir também nessa lista nossas percepções energéticas e vibratórias, que nos levam a sentir (ou pressentir) tudo aquilo que é menos óbvio aos nossos cinco sentidos primordiais. Após serem processadas e interpretadas, tais sensações e informações geram reações bioquímicas em nossos corpos, e o resultado destas reações é que nos fará sentir-nos melhor ou pior, calmos ou estressados, relaxados ou ansiosos, alegres ou tristes, serenos ou amedrontados.

Seguindo esse raciocínio, tudo aquilo que damos acesso a nossas mentes nos está impactando, quer queiramos ou não, e isso nos leva a questionar se estamos facilitando esse acesso para as coisas certas.

Mais frequentemente do que nos damos conta, nossas mentes não sabem claramente diferenciar realidade de ficção. Se você imaginar uma cena qualquer em sua mente com a devida concentração, esse pensamento irá disparar os mesmos processos bioquímicos e suas consequentes reações emocionais que você teria se a estivesse vendo na realidade. Se você assiste um filme de terror ou joga um videogame de guerra, sua mente interpreta que aquilo que está sendo visto é real, e, portanto, te origina descargas de adrenalina e as consequentes sensações de medo e desejo de fuga, por uma questão de autopreservação.

Se analisarmos as redes sociais, munidas de poderosos algoritmos que inteligentemente observam cada interação virtual nossa, a exposição de nossas mentes a imagens e sons menos sadios chegou a sofisticações nunca antes vistas. Tudo que nos instiga os instintos nos é constantemente oferecido, e ao “clicar” em tal estímulo, nos volvemos vítimas de nosso próprio primitivismo latente. O algoritmo nos oferecerá mais e mais daquele estímulo e estaremos presos à telinha do celular, testemunhando mais e mais tudo aquilo que existe de mais primitivo e instintivo, poluindo mais e mais nossas mentes.

E se decidirmos por analisar o que os tais “influencers” nos oferecem como conselhos e recomendações, na maior parte das vezes tóxicas e negativas em sua natureza, logo concluiremos que estamos sendo influenciados para que sigamos na direção de mais frustrações e a infelicidade.

Tudo isso que acabo de mencionar são diferentes tipos de sementes que estão sendo inconsequentemente lançadas no fértil solo de nossas mentes, que por sua vez, irão germinar pensamentos, comportamentos, reações bioquímicas e os consequentes sentimentos alinhados ao que foi plantado. Tais reações nos contagiam, nos estressam, nos angustiam, nos deprimem e muitas vezes levam ao suicídio dos menos preparados e mais vulneráveis.

Ao analisarmos tal obscuro e preocupante cenário, cabe a pergunta: como estamos lidando com tais impulsos? Estaríamos nos posicionando apenas como passageiros nesse ônibus, permitindo que o dirijam por nós? Será que tais sementes que diariamente permitimos que sejam plantadas no solo fértil de nossas mentes nos levarão a um bom lugar? Minha impressão pessoal é de que não. Minha percepção é de que a constante exposição a esta avalanche de imagens toxicas e informações de intenções duvidosas é a causa raiz de muitos casos de ausência de saúde mental.

Como alternativa mais sana, poderíamos seriamente abraçar a responsabilidade de sermos nossos próprios sensores. Esse videogame instiga à violência? Deixemos de jogar. Esse seriado estressa e angustia? Deixemos de assistir. Esse conteúdo da mídia social tem veracidade duvidosa, ou violenta meus valores? Deixemos de clicar. Nos instiga a sexualidade desenfreada ou pensamentos menos elevados? Deixemos de visitar tal website.

Selecionar o que vemos e escolher as sementes que permitimos sejam plantadas em nossas mentes é responsabilidade de cada um, e pode fazer a diferença entre felicidade e depressão, saúde e doença mental, paz e ansiedade e, por vezes, até de vida ou de morte.

Já a algum tempo, “domestiquei” minhas mídias sociais, e só “clico” com intencionalidade, buscando apenas as coisas que quero que apareçam de volta. Sigo apenas pessoas e páginas que postam conteúdo que considero sadio e positivo. Com essa simples ação, sanitizei minha experiência em tais mídias, e não mais me vejo estressado ou angustiado com o conteúdo que recebo. Em minha mente só são plantadas as sementes que dou permissão.

Fica a dica. Para seu próprio benefício, seja seu próprio sensor de conteúdo.

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